Paul Haggis, sem cair no cliché dos conflitos comunitários básicos, oferece-nos através de vários exemplos uma crítica ao sistema americano — que pode mesmo ser alagarda aos sistemas ocidentais —, que arrasta o racismo a todos os níveis dos brancos perante os negros, dos negros perante os asiáticos, dos asiáticos perante os hispanos, com cada comunidade fechada no seu próprio gueto. Este inteligente filme sobre o medo do outro devido a uma falta de comunicação e de conhecimento deixa transparecer pontos negativos da sociedade e é bastante pessimista sobre as oportunidades de erradicação do racismo em massa, isto apesar de terminar sobre uma nota positiva que nos prova que com mais comunicação e mais contactos os povos podem-se aproximar. Em suma a realização é perfeita, com o perfeito encadeamento de cada história que se irá encontrar com todas as outras no fim, e o eficaz jogo de actores de Sandra Bullock e Matt Dillon que não tiveram medo em encarnar o lado do racismo, ou ainda a brilhante interpretação de Tony Danza, o mexicano. Este filme não deixa ninguém indiferente e faz cada um passar por diferentes estados de emoção. O melhor filme do ano.
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